sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Um excerto do filme a exibir, no próximo dia 8 de Março ;)



O Imigrante /The Immigrant
(E.U.A, P/B, 1917,  20 min)



Realização: Charlie Chaplin
Argumento:  Charles Chaplin, Vincent Bryan, Maverick Terrell
Produção:John Jasper
Elenco: Charles Chaplin, Edna Purviance, Eric Campbell, Albert Austin, Henry Bergman, Kitty Bradbury, Frank J. Coleman, Tom Harrington, James T. Kelly, John Rand.

SINOPSE:


Charlie e Edna viajam a bordo de um velho navio para a América, em busca de uma vida melhor. Porém, ao chegarem aos Estados Unidos, apercebem-se dos maus tratos de que os imigrantes eram alvo naquela época.



LETRE7RA

1ª SESSÃO PÚBLICA - EMIGRANTES
SÁBADO, 08 Março 2014 - 21H30
no
ESPAÇO MUSAS
Rua do Bonjardim, nº 998
4000-121 Porto

ENTRADA LIVRE 

PROGRAMA
- Breve apresentação da iniciativa e do livro escolhido para este mês;
- Exibição da curta-metragem O Imigrante, de Charlie Chaplin;
- Tertúlia /debate á volta do livro Emigrantes, de Ferreira de Castro;
- Divulgação do próximo livro, para o mês seguinte.

Uma iniciativa:
Pintar o 7 - Cinema, Cidade, Cultura
e
ESPAÇO MUSAS

CONTAMOS COM A VOSSA PRESENÇA!

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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Immigrants...


Sobre o autor do Livro do Mês

Ferreira de Castro

"Escritor português, grande precursor do Neorrealismo em Portugal, nasceu em Oliveira de Azeméis em 1898 e faleceu em 1974. Depois de ter terminado os estudos primários, emigrou para o Brasil, para trabalhar como empregado de armazém no seringal Paraíso, na selva amazónica. Viveu durante alguns anos em Belém do Pará, aí prosseguindo com grandes dificuldades as suas primeiras tentativas literárias e publicando o romance juvenil Criminoso por Ambição. Em 1919, regressa a Portugal, ingressando no jornalismo, colabora com várias publicações; funda a revista A Hora: revista panfleto de arte, actualidades e questões sociais (1922), o jornal O Luso, o grande magazine mensal Civilização (1928-1937); colabora com O Diabo e com O Século e edita as suas primeiras obras. Entre 1923 e 1927 publica várias novelas - que viria mais tarde a renegar - até, em 1928, ao publicar Emigrantes (história de um pobre aventureiro fracassado) se consagrar como romancista numa ficção onde a pesquisa estética é submetida a ideais humanísticos e sociais. Em 1903 publica A Selva, um dos livros portugueses mais traduzidos em todo o mundo, concebido sob a forma de romance, que foca o drama dos trabalhadores dos seringais na Amazónia e corresponde a uma fase humanista, não excluindo uma objetividade quase fotográfica, com muito de reportagem e de situações vivamente descritas. Com efeito, a publicação de Emigrantes, seguida de A Selva, alcançando um êxito extraordinário, no Brasil e noutros países, apontava, segundo Álvaro Salema, in Ferreira de Castro - A sua vida, a sua personalidade, a sua obra, Lisboa, 1974, "insuspeitadas possibilidades de um realismo novo".
A grande força do fulgurante itinerário romanesco de Ferreira de Castro, segundo o mesmo estudioso, "não era apenas a de um realismo novo, vivido e posto à prova, igualmente, numa experiência pessoal dramaticamente sofrida e na observação franca, corajosa e simples de mundos humanos nunca anteriormente revelados. Não era, somente, a de uma técnica narrativa colhida diretamente da verdade existencial, com limitado apport de leituras antecipantes, e servida por um estilo singelo, de expressão clara e imediatamente comunicativa, tão sugestionadora para o leitor de escol que soubesse entendê-las nessa autenticidade como para o homem do povo sem formação prévia de leitor. A força maior da criação literária que Ferreira de Castro vinha desvendar era, afinal, a de uma nova forma de humanismo, representada na ficção romanesca."
Com Terra Fria e A Lã e a Neve, o autor procede a uma nova metodologia de criação romanesca, baseada na observação in loco do meio e problemas sociais que o romance focaliza, num esboço de história natural, onde tenta transmitir um mundo rural miserável, à margem da civilização, protagonizado por gente simples e despecuniada. As dificuldades levantadas pelo regime salazarista à livre expressão do pensamento obrigam, posteriormente, o autor a abandonar o ciclo romanesco que se propusera para se dedicar às impressões de viagem, dedicando-se, entre 1959 e 1963, à publicação de As Maravilhas Artísticas do Mundo ou a Prodigiosa Aventura do Homem Através da Arte. Deste modo, para Álvaro Salema, as obras de Ferreira de Castro inscrevem-se em três grandes categorias: um primeiro ciclo de romances inspirado na "experiência pessoal" e na "observação experimentada", a que correspondem os romances Emigrantes, A Selva, Eternidade, Terra Fria e A Lã e a Neve; os livros de "viajante, empenhado com inteira adesão de vida interior na descoberta e desvendamento da experiência histórica e social da humanidade através das suas expressões multímodas", com Pequenos Mundos e Velhas Civilizações e A Volta ao Mundo; e uma terceira direção que opera uma "inflexão renovada e renovadora para a análise mais complexa e diversificada dos conflitos interiores em equação com realidades sociais e históricas mais vastas", consubstanciada nos romances A Curva da Estrada, O Instinto Supremo e A Missão (id. Ibi., p. 40). Recebendo homenagens literárias em vários países e vendo os seus livros traduzidos em várias línguas, Ferreira de Castro assistiria ao culminar do reconhecimento da sua obra com uma vibrante celebração do seu cinquentenário de vida literária, em Portugal e no Brasil, e com, após a publicação de O Instinto Supremo, em 1968, a apresentação pela União Brasileira de Escritores da candidatura conjunta de Ferreira de Castro e de Jorge Amado ao Prémio Nobel de Literatura. Esta adesão à obra de Ferreira de Castro é indissociável da admiração que grande número de leitores votou à atitude de inflexível resistência do escritor, à sua determinação de não compactuar de qualquer modo com o regime, postura manifestada, por exemplo, na decisão de não colaborar com a imprensa portuguesa enquanto vigorasse o regime de censura, no facto de não permitir que nenhuma obra sua fosse adaptada a um cinema financiado pelo Estado ou na adesão a movimentos democráticos. Recebeu, entre outras distinções, o Prémio Internacional Águia de Ouro do Festival do Livro de Nice e foi eleito, em 1962, presidente da Direção da Sociedade Portuguesa de Escritores."

-Ferreira de Castro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-02-17]

O Livro do Mês "Emigrantes", Ferreira de Castro


"Os homens transitam do Norte para o Sul, de Leste para Oeste, de país para país, em busca de pão e de um futuro melhor. É assim que começa o romance Emigrantes, de Ferreira de Castro.

Sem sombra de dúvidas, a obra Emigrantes, publicada em 1928, é uma das obras mais importantes de sua carreira pois é considerada uma das precursoras do Neo-Realismo em Portugal. É com este romance que se inicia definitivamente a sua carreira literária.

Manuel da Bouça é o personagem central deste romance. Ao regressar à sua terra, depois de uma estadia de alguns anos no Brasil, até a visão de "...um velho moinho com as suas quatro pétalas - um muro em ruínas...Que lindo! Que lindo! constitui motivo para que se emocione. Símbolo de todos os emigrantes, Manuel representa o indivíduo inserido em sua comunidade que, como todos os outros, nutre uma série de sonhos e aspirações.

Ferreira de Castro, com a publicação deste romance, talvez já intuísse e observasse a transformação do mundo que o século XXI agora tanto se esforça por compreender. Neste livro descortina-se a condição do homem, o eterno emigrante. O autor procura desconstruir o imaginário português sobre a emigração para o Brasil e também denunciar a sua exploração económica."

(passeiweb)

Letre7ra é uma iniciativa conjunta da associação Pintar o 7 e do Espaço Musas. É nosso objectivo a criação de um espaço que permita reunir as pessoas à volta do gosto pelos livros, pela discussão e partilha de ideias, pela beleza de um texto literário.

Num tempo em que as ideologias e práticas vigentes do poder instituído pretendem tornar-nos, cada vez mais, num rebanho acéfalo e bem comportado, é importante que o primado da razão e do sentir seja o património que nos faça manter uma identidade própria.

Abriremos, de par em par, as portas da nossa sala de convívio a todos os que queiram chegar-se a nós, na expectativa de sessões de discussão acesa, de profícua partilha de ideias e de caminhos novos a encontrar e percorrer.

Através da realização de sessões públicas, faremos a abordagem das obras escolhidas, de uma forma aberta e informal. Haverá, também, lugar para darmos boleia ao nosso gosto pela sétima arte, pelo que se fará a exibição de filmes, curtas-metragens e documentários que estejam relacionados com as obras em discussão.

No blogue, criado para esta iniciativa, serão publicadas todas as informações necessárias, como as datas das sessões públicas, os livros propostos para leitura, enfim tudo o que se relacione com esta actividade.

E, posto isto, mãos à obra!

No dia 1 de Março, realizar-se-á a nossa primeira sessão pública.

Contamos com todos os que queiram iniciar connosco esta viagem, através do pensamento e das palavras!